terça-feira, 3 de julho de 2012

VIVIEN

Mulher milionária. Poeta. Amante incondicional da vida. Pauline Tarn, ou seja Renée Vivien, foi considerada por André Gide como a Baudelaire e a Verlaine de saias.
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Renée Vivien é o nome literário de Pauline Tarn, nascida em Londres no ano de 1877 e falecida em Paris, em 1909. Em 1899 instala-se na França, particularmente em Paris, após receber uma herança que a coloca a salvo de todo tipo de preocupações financeiras.e que lhe permite escrever e viajar durante longas temporadas. Em Paris conhece Natalie Clifford Barney, atriz e escritora iniciada nos salões literários e com ela mantém tortuosa relação.
A baronesa Hélène de Zuylen (que cuidou de Vivien no final de seus dias e que colaborou com ela em várias obras) trouxe para a poeta estabilidade sentimental, ainda que desde 1904 Renée tivesse uma relação semi-platônica por cartas com uma misteriosa admiradora residente em Constantinopla, esposa de um diplomata, chamada Kérimé Turkan-Pacha, a qual alimentará sua paixão por uma mulher proibida e um sonho oriental distante.
Eis como Pauline Tarn, ou seja, Renée Vivien descrevia suas viagens:
He entrevisto la maravilla egipcia, el encantamiento de los faraones desaparecidos, a Isis de alas verdes, extendidas como signo de protección a los muertos, a Anubis con cabeza de buitre que pesa su corazón en la balanza suprema, a Neftis, la diosa que atiende al alma temerosa. Sí, he visto todo esto y he regresado con el deseo de ver más, de ver otra cosa, de ver hasta volverme ciega, de verlo todo en la Tierra y de ver hasta en el Más Allá. Nunca se ve suficientemente lejos, nunca se ve lo suficiente.
O seu insaciável instinto de exploração ela colocou também em sua obra poética, abarcando diversos gêneros. Novelas, relatos, prosa poética (Brumas de los Fiordos), adaptações de Safo – coisa que ela explicava e explicitava numa grandiosa escrita homoerótica retirada do original grego -, e mais ainda, teatro e uma biografia de Ana Bolena.
No anos de 1901 publicou sua primeira obra poética, Études et préludes, e a esta seguiram-se outras como Cendres et poussières, À l’heure des mains jointes, Flambeaux éteints, Sillages, Haillons. André Gide em crítica observou que as poesias de Vivien não tinham nada de valioso, mas apenas estavam impregnadas de “um baudelairismo profundo”. Realmente ela teve muitas influências de Baudelaire inclusive de Verlaine, como salientaram seus contemporâneos.
Vivien ou Pauline, com as ferramentas da poesia simbolista de fim de século, construiu um mundo lírico hedonista. Levou às mais radicais atitudes alguns de seus registros poéticos repletos de fatalidade niilista e de volúpia no universo artístico de 1900. Seus versos eram cheios de bacantes, ofélias, seres notívagos e amantes destrutivos. Sua linguagem era sensual, luxuriosa, realista.
A poeta Vivien foi uma grande mestra na exploração dos sentidos com as sinestesias, correspondências e associações inesperadas que se plasmavam em matizes sutis e delicados em ritmos transbordantes, sexy e fluídicos. Nos seus livros e nos seus escritos ela explorou novas maneiras de desenvolver o desejo com os cantares de exaltação aos sentidos e ao corpo. Todo o conjunto de sua obra é um canto de paixão e desejo. Sua obra era totalmente subversiva para os padrões de sua época, pois ela escrevia para os leitores do futuro.
Renée Vivien morreu de anorexia em Paris aos 32 anos.

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